12 de setembro de 2003

Y
Por razões várias, só ontem vi o filme de Fernando Lopes, "O Delfim", baseado na obra de José Cardoso Pires.
É um filme com interesse. No panorama do que se faz em Portugal. Fernando Lopes filma muito bem algumas cenas, não se poupa na captação de outras tantas, afastando-se desse modo do registo preguiçoso a que temos assistido largamente, nos últimos anos. Claramente, Fernando Lopes não liga a câmara e vai beber um copo enquanto a fita corre. Poderia faze-lo, mas não. Há trabalho. Alexandra Lencastre faz uma bela Maria das Mercês e o Rogério Samora vai igualmente bem, naquele que parece ser um dos únicos papéis para que se lembram de o convidar: o galã duro.
O argumento, na minha humilde opinião, não é grande coisa, peço desculpa. Assenta num belo romance e não se atreve a descolar dele. A já cansativa voz de Rui Morrison, a debitar em off (para variar) textos literários. (ps: mas atendendo ao trabalho de actor, ainda bem que ele geralmente só dá a voz...) Vasco Pulido Valente prova com brio que é um cronista com interesse. Já argumentista não será.
Fica-nos contudo, a ideia de termos visto um bom filme; uma história forte, narrada com coragem. Talvez não seja motivo para a exaltação que a imprensa (de uma certa geração, sobretudo) provocou. Não é uma obra-prima. Mas também não é uma obra-tia, ao arrepio dos tempos que correm. É algures entre a passagem e o meio caminho... Mas melhor.

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